COISAS QUE ACOMPANHAM A SALVAÇÃO
“Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos”. (ARC)
“Amados, mesmo falando dessa forma, estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês, coisas próprias da salvação”. (NVI)
Hebreus 6:9
Deus sempre quer nos levar à maturidade espiritual. O progresso espiritual é evidenciado por uma vida cheias de frutos.
Após a ilustração tirada da natureza para trazer luz a uma verdade espiritual, o escritor aos Hebreus espera dos seus irmãos leitores, que a primeira premissa da ilustração seja uma realidade na vida deles, a saber: que sejam uma terra boa, que recebe chuva, cultivada e abençoada por Deus. Portanto, dá erva útil, e produz bons frutos. Assim, o autor aos Hebreus não espera que a segunda premissa da ilustração seja a realidade dos seus leitores, a saber, uma terra inútil, que produz ervas daninhas e espinhos, e logo, uma terra amaldiçoada.
D. Pentecost, em seu comentário da carta aos Hebreus, expõe outro tipo de abordagem da mesma ilustração:
"A questão aqui é que as bênçãos que vêm de Deus podem ser usadas bem ou mal. Bênçãos bem aproveitadas trazem resultados úteis, enquanto as dádivas mal aproveitadas produzem o que não serve para nada. Dessa forma, a advertência termina com a observação de que, embora todos os crentes recebam bênçãos de Deus, alguns as usarão para dar bons frutos, enquanto outros as aproveitarão para produzir o que é inútil”. Pentecost, J. Dwight. Hebreus (pp. 114-115). Chamada (www.chamada.com.br). Edição do Kindle.
O escritor aos Hebreus, quando incialmente menciona a respeito da salvação, ele a qualifica como sendo tão grande e de grande proporção, que anela que seus irmãos-leitores sigam nas pisadas da grandeza do livramento eterno da ira futura. Vejamos:
“como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram;”
Hebreus 2:3
Como sabemos, a salvação eterna abrange três tempos: passado, presente e futuro.
No passado, a justificação, Rm 4:25. No presente, a santificação, 1 Co 1:18 (NVI). No futuro, a glorificação, Rm 8:23.
Assim, a salvação no tempo passado, ocorreu na justificação de nossos pecados, por ocasião da nossa regeneração.
No tempo presente, a salvação manifesta-se através da santificação operada pelo Espírito Santo, diária e progressivamente.
No tempo futuro, a salvação se consumará, pela redenção do nosso corpo.
No passado, fomos salvos. No presente, estamos sendo salvos. No futuro, seremos salvos.
No passado, fomos justificados. No presente, estamos sendo santificados. No futuro, seremos salvos.
No passado, fomos livres da culpa do pecado. No presente, somos livres do poder do pecado. No futuro, seremos livres da presença do pecado.
Assim, após nossa salvação (no passado), o autor aos Hebreus declara-nos algumas coisas que acompanham esta salvação (no presente).
O contexto da carta aos Hebreus e do presente capítulo, lançam luz, apontando-nos quais coisas, de fato, acompanham a salvação, ou são pertencentes a salvação. Vejamos:
O AVANÇO PARA A MATURIDADE
“Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade, sem lançar novamente o fundamento do arrependimento de atos que conduzem à morte, da fé em Deus”.
Hebreus 6:1 (NVI)
O escritor aos Hebreus alerta-nos para o real perigo de não avançar para a maturidade em Cristo. No entanto, confiava que os amados irmãos e leitores seguiriam pelo caminho do progresso espiritual em Cristo. E isto fariam, se Deus os permitisse, Hb 6:3.
É grande importância afirmar que, não progredir espiritualmente é um pecado. Não crescer espiritualmente é um pecado.
Como nos lembra o apóstolo Paulo em Fl 2:12, que devemos desenvolver e operar a nossa salvação com temor e tremor.
Assim, podemos concluir, contextualmente pela carta aos Hebreus, que a maturidade pertence as coisas que acompanham a salvação.
A maturidade espiritual, portanto, leva à condição de filhos adultos do Pai. Até mesmo a criação aguarda com expectativa a manifestação dos filhos amadurecidos de Deus, Rm 8:14-21. Sem dúvida, um dos alvos da salvação.
O AMOR
“Amados, mesmo falando dessa forma, estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês, coisas próprias da salvação”.
Hebreus 6:9 (NVI)
Esta é a primeira e última menção do escritor aos Hebreus, que chama seus leitores de “Amados”. Porque, de fato, são alvos do amor do Pai. Assim, são salvos pelo amor, e sustentados por este amor até a redenção final.
Quando o autor aos Hebreus, chama seus leitores de “AMADOS”, ou seja, queridos, estimados, ele não os chama por força retórica ou estilo literário, mas sim, por saber que são destinatários e beneficiados pelo amor de Deus.
Assim, os salvos estão arraigados no amor do Pai. Estamos alicerçados no Seu amor, como escreveu Paulo aos santos de Éfeso: “para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor”, Efésios 3:17.
Estar arraigados no amor do Amado, implica calma confiança e segurança.
Podemos, sem sombra de dúvidas, afirmar que, o amor acompanha a salvação, daqueles que são resgatados pelo Senhor Jesus. Exerçamos a fé Naquele que nos ama, assim descansemos em Seus braços eternos.
Este amor atinge uma dupla dimensão, e revela-se no amor a Cristo e no amor aos santos, como veremos a seguir.
O TRABALHO E O SERVIÇO
“Deus não é injusto; ele não se esquecerá do trabalho de vocês e do amor que demonstraram por ele, pois ajudaram os santos e continuam a ajudá-los”.
Hebreus 6:10 (NVI)
“Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis”.
Hebreus 6:10 (ARC)
O amor de Deus é a força motriz desencadeadora de todo trabalho e serviço espirituais no Reino, para Deus e para os santos de Deus.
O amor de Deus e o nome de Deus encorajam um salvo ao campo de trabalho.
Só podem trabalhar para Deus e por Seus santos, aqueles que já gozam da bendita redenção.
À estes, o escritor aos Hebreus lembra, que é impossível Deus se esquecer dos serviços que foram prestados no Reino. Uma vez que Deus não é injusto, nem poderia sê-lo, 2 Tm 2:13.
O não esquecimento de Deus pressupõe uma recompensa futura pelos serviços ofertados, tanto por uma obra como por um trabalho de amor, 1 Co 3:13-15.
Todas as vezes que cuidamos de um santo e herdeiro de Deus na terra, isto fazemos ao próprio Deus também. Prestamos um serviço ao Seu Nome mostrando contínuo serviço aos santos.
A palavra “obra”, “ergon” no grego, tem o sentido de trabalho, ato, ação, serviço. Já o termo “kopos” no grego, que foi traduzido como: “amor ou trabalho do amor”, tem o sentido de “intenso trabalho unido a aborrecimento e fadiga”, segundo o dicionário J. Strong.
Assim, poderíamos dizer que todo trabalho feito a Deus e aos seus santos, bem como todo trabalho “pesado” que é realizado, glorifica a Deus, e faz parte da vida subsequente à regeneração ou salvação.
Portanto, o trabalho e o amor ao Nome de Deus e aos Seus santos são coisas pertencentes a salvação, e assim, acompanham-na.
A PRONTIDÃO E A DILIGÊNCIA
“Queremos que cada um de vocês mostre essa mesma prontidão até o fim, para que tenham a plena certeza da esperança,”
Hebreus 6:11 (NVI)
“Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança;”.
Hebreus 6:11 (ARA)
O zelo e o cuidado devem ser mostrados até o fim da nossa jornada, rumo a glorificação eterna. Não podemos ser preguiçosos e indolentes no processo de amadurecimento espiritual.
Toda diligência possível de nossa parte é necessária para a plena certeza da nossa esperança.
Nossa diligência e prontidão espirituais revelam a grandeza e a segurança da nossa bem-aventurada esperança.
Vejamos o que nos ensinou o apóstolo Paulo em Tito 2:11-13, sobre a salvação, a diligência e a esperança:
Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.
Sendo a graça, a fonte suprema da nossa salvação, nossa diligência ou cuidado concentra-se em renunciar as paixões mundanas e viver piamente segundo o Evangelho, até o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus.
Como bem frisou Warren W. Wiersbe, em seu comentário bíblico expositivo, o progresso espiritual exige esforço diligente:
“Apesar de ser verdade que é Deus quem nos leva à maturidade (ver Hb 6:1,3), também é verdade que o cristão deve fazer sua parte. Ninguém deve ser preguiçoso (“tardios” em Hb 5:11), mas sim dedicar-se aos recursos espirituais que Deus concedeu. Uma vez que temos as promessas de Deus, devemos exercitar a fé e a paciência e nos apropriar do que possuímos”.
A esperança é fonte de motivação e encorajamento espirituais, que justifica nossa prontidão, zelo, cuidado e diligência. Nossa esperança está atrelada à nossa fé em Cristo. A esperança aponta a glória futura, e é uma virtude ou poder do mundo vindouro, agindo em nosso tempo presente e em nossas vidas salvas.
A esperança promove em nós mais diligência, zelo e cuidado. E a prontidão e o cuidado rumam à esperança. Este processo gera um ciclo virtuoso, que produz em nós a perfeição moral e espiritual, ou seja, a maturidade.
Veja esse comentário elucidativo sobre a relação entre a esperança e a fé.
“A fé tem uma dimensão futura. Se ela não espera algo melhor no futuro, não é fé genuína. A maturidade cristã é amadurecimento em fé, esperança e amor. A fé tem uma fundação histórica de realidades permanentes. É pela fé que trazemos estas realidades para o presente vivo, palpitante. O amor é o poder por meio do qual servimos à nossa época e à nossa geração no Espírito de Jesus. Esperança é o meio através de que provamos o poder do século vindouro” (Comentário Broadman).
A IMITAÇÃO DA FÉ E DA PACIÊNCIA
“de modo que vocês não se tornem negligentes, mas imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida”.
Hebreus 6:12 (NVI)
para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas.
Hebreus 6:12 (ARC)
O esforço diligente opõe-se a negligência ou morosidade no avanço espiritual.
A melhor maneira de fugirmos da condição de tardios espirituais é seguir o dever de imitar a fé e a paciência daqueles herdaram as promessas de Deus.
Para herdarmos as promessas de Deus será preciso muita fé e longanimidade. Apenas aqueles que são testados e provados na fé e na paciência receberão as promessas como herança.
Para tomarmos posse das promessas de Deus é preciso ter o ânimo alongado, daí a expressão: longanimidade, ou seja, ânimo espichado.
Ao imitarmos a fé e a paciência destes heróis da fé seguiremos na rota do crescimento espiritual.
Precisamos com todas as forças do nosso ser, fugir da indolência, apatia e indiferença espiritual. Quando vivemos longe da omissão espiritual, adentramos a estrada do desenvolvimento espiritual, Tg 4:17.
Temos exemplos e testemunhas múltiplas no Reino de Deus que nos inspiram na caminhada do crescimento espiritual, e por fim, herdarmos as glórias das promessas de Deus.
Veja este comentário abaixo que corrobora a argumentação anterior:
“Não palmilhamos o caminho de fé, amor e esperança como peregrinos solitários. Outros têm passado por aqui antes, para nos mostrar o caminho. Temos não apenas o Espírito Santo dentro de nós, para nos guiar, mas também o exemplo objetivo daqueles que resistiram à tentação de permanecerem preguiçosos e indolentes, e têm, pela fé, andado com persistência robusta e firme, e têm descoberto que as promessas de Deus são verdadeiras”. (Comentário Broadman).
CONCLUSÃO
Após este breve estudo, chegamos a conclusão que as coisas que acompanham a salvação ou coisas pertencentes à salvação são: o avanço para a maturidade espiritual, o desfrute do amor do Pai, o trabalho e o serviço (trabalho de amor), a prontidão e a diligência rumo a esperança, a imitação da fé e da paciência daqueles herdarão as promessas de Deus. Esta é a jornada feliz que nos conduzirá aos Novos Céus e Nova Terra, a Nova Jerusalém, Ap 21 e 22.
Arthur Moratelli Bittencourt
Ministro do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
Pastor vice-presidente executivo da AD Utinga – Santo André – SP.
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