Conselhos
para Pregadores e pregadoras
Bispo
samuel Mendes de Sales
Querido, me peguei
lendo um artigo de 2015 publicado pelo Pastor Ciro Sanches Zibordi da
Assembléia de Deus do Belém; o mesmo escreve, de modo geral, sobre o ministério
e também em seu livro “Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar (CPAD, 2007)”.
Neste texto, quero
trazer a baila muitos ensinamentos do Pastor Zibordi, tendo em vista o
crescimento do número de pregadores e pregadoras, nos últimos anos (e com ele o
surgimento de alguns perceptíveis desvios da sã doutrina), apresento-lhes, sem
nenhuma presunção, alguns conselhos. A rigor, são os mesmos que sempre tenho
falado em minhas oportunidades nas reuniões de obreiros, sobre o comportamento
dos obreiros e erros que estes devem Evitar, primeiro de uma série para
pregadores, mas com alguns destaques específicos alusivos ao que tenho
presenciado em ministrações femininas, in loco, e também assistindo a vídeos na
Internet. Vamos aos conselhos.
Para as Mulheres:
1. Sejam femininas, e
não imitadoras de homens. Gosto de ouvir pregadoras. Mas é desagradável ver
mulheres abrindo mão de sua feminilidade para imitar os pregadores
performáticos. Pense na situação inversa: um homem imitando uma mulher. Isto
não causa estranheza? Há alguns anos, temos conhecido uma pregadora atualmente
ex-ex-lésbica (isto mesmo: ex-ex-lésbica) fazia sucesso na Assembleia de Deus,
tive a oportunidade de ver uma de suas mensagens em VHS. Que decepção! Postura
masculinizada, voz de machão, trejeitos e bordões de animadores de auditório
etc. As mulheres deveriam falar como mulheres, pois têm um modo especial de
comunicar as verdades de Deus. Por isso, no âmbito familiar, Deus deseja que
pai e mãe participem da educação dos filhos: “Filho meu, ouve a instrução de
teu pai e não deixes a doutrina da tua mãe” (Pv 1.8). Ou seja, a sã doutrina é
a mesma, porém a maneira de comunicá-la, por parte de homem e mulher, é
diferente.
Para Homens e Mulheres:
2. Preguem a Palavra de
Deus. Repito: os conselhos que eu tenho dado aos pregadores são extensivos às
pregadoras. Se Paulo disse a Timóteo: “Prega a palavra” (2 Tm 4.2, ARA), isso
vale para todas e todos que desejam pregar o Evangelho. O apóstolo não disse: “Anime auditório”, “Pregue o
feminismo” ou “machismo”, “Desafie seus
desafetos em público”. Mas, na atualidade, para tristeza do Espírito Santo,
muitos pregadores e pregadoras embarcaram na canoa furada da pregação
performática, ofensiva e desafiadora. Berram ao microfone. Ofendem seus pares,
ainda que de modo indireto. Valem-se de bordões. Movimentam-se,
coreograficamente, como se estivessem liberando algum tipo de raio destruidor
etc.
Parem com isso, por
favor! Honrem a chamada que receberam do Senhor. Muitos dizem que cada um tem o
seu estilo. Quer saber qual é o estilo de pregação que agrada a Deus? Leia 1
Coríntios 2.1-5, em oração. O que vemos quando olhamos para o pregador Apóstolo
Paulo, um imitador de Cristo? Um showman? Um pregador malabarista? Um
coreógrado de púlpito? Não! Aprendemos com ele que não é preciso animar
auditório nem chamar todos os holofotes para si. Preguemos, pois, a Palavra de
Deus! Com graça e ousadia, como fez Estêvão diante daqueles que o acusavam. Ele
foi apedrejado, é verdade; taparam os ouvidos, também é verdade. No entanto,
quando Estêvão, cheio do Espírito, olhou para o céu, viu Jesus em pé, em sinal
de aprovação, à direita de Deus (At 7).
Para Homens e Mulheres:
3. Sejam um exemplo em
tudo. Como arautos de Cristo, não pregamos apenas com o microfone à mão, pois
devemos pregar o que vivemos e viver o que pregamos. Algumas irmãs e irmãos,
infelizmente, parecem ter a “unção do microfone”, já que fora do púlpito têm
uma conduta completamente diferente da que ostentam nas igrejas. Não existem
supercrentes, mas, com exceção de alguns recursos de oratória que usamos
durante a pregação, nossa vida nos bastidores não deve ser muito diferente da
que ostentamos no púlpito. Observe o que o apóstolo Paulo disse aos presbíteros
de Éfeso: “Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em
todo esse tempo me portei no meio de vós” (At 20.18).
Cuidado com o porte,
amado(a) irmão(ã)! Este abarca conduta e postura, o que você de fato é e o que
aparenta ser. Se você aparenta ser santo(a) no púlpito, por que não ser
santo(a) nas redes sociais e no trato com as pessoas? Lembre-se de que a
pregação neotestamentária não consiste apenas em palavras. Ela abarca três
termos gregos que aparecem em 1 Tessalonicenses 1.5, uma das passagens que
definem a pregação, no Novo Testamento: logos, pathos e ethos. Em outras
palavras, abrange a pregação propriamente dita (logos), a forma como a mensagem
é apresentada, com unção do Espírito Santo e uso de recursos homiléticos
(pathos) e porte: conduta e postura éticas (ethos). Daí vemos a necessidade de
se preparar, fazer esboço, para então pregar a palavra.
4. Não busquem títulos
e posições. Pregadora é pregadora. Pregador é pregador. Não precisam de um
título pomposo para pregar o Evangelho, a menos que queiram prevalecer pelo
“braço de carne”, e não pelo Espírito Santo (cf. 2 Cr 32.8; Zc 4.6). Filipe era
pregador do Evangelho, apesar de ter sido escolhido para cuidar do trabalho
material da igreja em Jerusalém (At 6.1-5; cap. 8). Só no fim da terceira
viagem missionária de Paulo, em Cesaréia, Filipe foi chamado de evangelista
(21.8). Mas, antes de receber esse título, ele já pregava, pois não é o título
que faz a pessoa; é a pessoa quem faz o título.
Sinceramente, fico
preocupado quando vejo pregadores e pregadoras procurando ostentar títulos para
terem maior credibilidade. Ao que me parece, essas pessoas não acreditam que Deus está com elas, caso
não tenham um título pomposo. Precisam ostentar o título de “Apostolo, bispo ou
bispa, evangelista, Pastor, etc”. Não nos esqueçamos de que Paulo, constituído
por Deus pregador, apóstolo e doutor dos gentios (1 Tm 2.7), fazia questão de
se apresentar, prioritariamente, como “servo de Jesus Cristo” (Rm 1.1), a quem
servia em seu espírito (v. 9), deixe que os outros te tratem com honra e na
faça questão dessa honra, pois a melhor honra é ser reconhecido como servo do
Deus altíssimo.
5. Sejam humildes.
Paulo honrou várias mulheres, mencionando-as em Romanos 16 como Priscila,
citada primeiro que seu próprio marido (v. 3), porque elas certamente eram
humildes. Priscila, inclusive, foi quem contribuiu para o aprendizado de Apolo,
um homem que já era “poderoso nas Escrituras” (At 18.24-28). Ainda que o Senhor
é excelso, atenta para quem é humilde (Sl 138.6; 1 Pe 5.5,6), mas é triste ver
pregadoras agindo com soberba no púlpito e dizendo frases impróprias, como: “Se
eu, sem ter uma gravata, faço o que faço, imagine o que eu faria se tivesse
uma”; “Mesmo com os homens atrapalhando, eu continuo vencendo” ou “Como os
homens são frouxos, Deus tem levantado as mulheres, que são corajosas”.
Lembremo-nos, sempre, de que a “soberba precede a ruína, e a altivez do
espírito precede a queda” (Pv 16.18).
Mulheres honrem os
homens que tem autoridade sobre vocês, eclesiasticamente e vossos esposos.
6. Respeitem os
pastores. Há uma tendência, pelo que tenho notado, de as pregadoras famosas
serem tentadas a verberar contra os pastores, sugerindo que eles as invejam, se
opõem ao seu ministério e são machistas etc. Essa rebeldia, que tem levado
muitas irmãs a promover a inglória guerra de gêneros, a nada leva. Já pensou o
que aconteceria, se os pastores resolvessem responder a cada provocação
feminista? Onde isso vai parar? Homens e mulheres devem ser submissos a Deus e
ao ministério estabelecido pelo Senhor (1 Co 12.28; Ef 4.11). Qualquer crente
deve obedecer ao claríssimo mandamento de Hebreus 13.17: “Obedecei a vossos pastores
e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar
conta delas”.
7. Mulheres, Sejam
femininas, e não feministas. Muitas pregadoras não abrem mão da feminilidade (o
que é bom, como já vimos), mas têm um outro defeito: adotam um discurso
bastante hostil em relação aos homens. Apesar de elas estarem pregando em
grandes congressos e sendo tratadas com todo o respeito, inclusive pelos
homens, elas agem como se estivessem sendo oprimidas pelo patriarcado! Sempre
quando têm oportunidade, numa oportunidade ou mesmo durante suas prédicas,
dizem que nas igrejas ainda prevalece o machismo. Alegam que isso é herança do
judaísmo, da conduta machista de Paulo etc. E verberam contra os homens,
pregando o questionável igualitarismo feminista, que, embora esteja na moda,
não se coaduna com o ensinamento neotestamentário.
Em relação ao Antigo
Testamento, quem deu a lei a Moisés? O próprio Deus! Não há que se falar de
patriarcado opressor. Isso é linguagem de movimentos feministas de esquerda, e
não de servas do Senhor que se prezam! Se defendermos que havia machismo na lei
dada a Moisés, chegaremos à conclusão de que o próprio Deus era machista!
Quanto a Paulo, nenhum machista mandaria os homens amar a sua própria mulher
(Ef 5.25) nem faria questão de mencionar nominalmente as mulheres que o
ajudaram (Rm 16 etc.). Em relação a Jesus — já que para as “feministas
cristãs”, Ele não valorizou mais as mulheres por causa da prevalência do
machismo na sociedade patriarcal —, sabemos que o Mestre veio para quebrar
paradigmas. E, se quisesse, teria escolhido seis casais, e não doze homens,
visto que “chamou para si os que ele quis” (Mc 3.13).
Infelizmente, algumas
pregadoras já foram cooptadas pelo pernicioso movimento feminista, que, em
geral, é abortista, se opõe à cosmovisão judaico-cristã e às Escrituras, além
de demonizar o homem (SCRUTON, 2014; ZIBORDI, 2016). Sei que há vários tipos de
feminismo, alguns mais extremistas e outros mais moderados. Reconheço os
direitos femininos pelos quais homens e mulheres cristãos devem lutar. Mas o
discurso belicoso, oriundo do feminismo anticristão, que produz frases como
“Mexeu com uma, mexeu com todas”; “Machistas não passarão” etc., não deve ser
adotado pelas pregadoras que se prezam. Machismo e feminismo devem ser
rechaçados por todos os cristãos, indistintamente, pois são filosofias
contrárias à Palavra de Deus. Preguemos, pois, o Evangelho, e não ideologias
polarizantes (Rm 1.1,16; 1 Co 9.16).
Queridos pregadores da
palavra de Deus cuide de ti mesmo e da doutrina.
Deus vos conceda graça.
Bispo
Samuel Mendes de Sales