A origem das Assembleias de Deus no Brasil está no fogo do
reavivamento que varreu o mundo por volta de 1900, início do Século XX,
especialmente na América do Norte. Os participantes desse reavivamento foram
cheios do Espírito Santo da mesma forma que os discípulos e os seguidores de
Jesus durante a Festa Judaica do Pentecostes, no início da Igreja Primitiva,
conforme está escrito em Atos 2. Assim, eles foram chamados de “pentecostais”.
Exatamente como os crentes que estavam no Cenáculo, os
precursores do reavivamento do Século XX falaram em outras línguas que não as
suas originais quando receberam o batismo no Espírito Santo. Outras
manifestações sobrenaturais tais como profecia, interpretação de línguas,
conversões e curas também aconteceram.
Em 19 de novembro de 1910, os suecos Gunnar Vingren e Daniel
Berg, batizados no Espírito Santo, chegaram a Belém do Pará, procedentes dos
Estados Unidos da América. Ao crer na
doutrina pentecostal pregada pelos dois missionários, em 2 de junho de
1911, na Rua Siqueira Mendes, 67, na
cidade de Belém, Celina de Albuquerque, membro da Igreja Batista de Belém,
enquanto orava, foi batizada no Espírito Santo.
O fato teve repercussão imediata na Igreja Batista. Havia
aqueles que aceitavam o batismo no Espírito Santo e aqueles que eram contrários
à nova doutrina. Em 13 de junho, numa terça-feira, foram excluídos 13 membros
da igreja: José Plácido da Costa, que ocupara o cargo de moderador da igreja
até aquela sessão; Manuel Maria Rodrigues, ex-secretário; José Batista de
Carvalho, ex-tesoureiro; Antonio Mendes Garcia, todos estes diáconos; Lourenço
Domingos; João Domingos; Maria dos Prazeres Costa; Maria Pinto de Carvalho;
Alberta Ribeiro Garcia; Manuel Rodrigues Dias; Jerusa Rodrigues. O secretário
da igreja depois de anotar esses nomes, deixou para o fim os nomes de Celina
Cardoso de Albuquerque e Maria de Jesus Nazaré, que, ao mencioná-los, fez
chamando-as de “as profetisas”, e os de Gunnar Vingren e Daniel Berg.
Sob a liderança dos missionários Gunnar Vingren e Daniel
Berg, os crentes batistas que aceitavam a doutrina pentecostal foram convocados
a comparecer à casa onde se instalava a congregação batista na Cidade Velha, à
Rua Siqueira Mendes nº1-A, residência da irmã Celina Albuquerque, para se
reunir no dia 18 de junho de 1911, num domingo. Presentes estiveram onze irmãos
excluídos no dia 13 daquele mês, da Igreja Batista, tendo faltado os irmãos
Lourenço Domingos e Alberta Ribeiro Garcia. Compareceram, porém, três membros
da igreja que não estavam excluídos, que foram Henrique Albuquerque, esposo de
Celina; Maria Piedade da Costa, esposa de Plácido e Emília Dias. Além destes,
foram arrolados mais quatro irmãos da referida congregação, cujos nomes são os
seguintes: Joaquim Silva, Tereza Silva de Jesus, Izabel Silva e Benvinda Silva,
todos de uma mesma família. Os três que ainda eram membros da Igreja Batista só
foram excluídos no dia 12 de julho depois de que a mesma tomou conhecimento da
posição assumida por eles. Quanto aos quatro congregados, não cabia a igreja
discipliná-los porque não eram membros da igreja. Ao todo eram 18 pessoas para
o início da Missão da Fé Apostólica, que mais tarde passou a se chamar Assembléia
de Deus.
I – Começa a Missão da Fé Apostólica
A partir de 18 de junho de 1911, as igrejas pentecostais que
iam sendo iniciadas no Pará, começando pela que se reunia na casa de Henrique e
Celina Albuquerque, à Rua Siqueira Mendes 67, Cidade Velha, em Belém, passaram
a ser chamadas pelo nome Missão da Fé Apóstolica.
Em 25 de outubro de 1914, chegaram a Belém do Pará os suecos
Otto e Adina Nelson, procedentes dos Estados Unidos, para se juntarem a Vingren
e Berg.
Em 8 de novembro de 1914, a igreja, que se reunia na Av. São
Jerônimo, 224, seu segundo, endereço depois da casa de Celina Albuquerque
(nesta casa se reuniram por mais ou menos três meses) se mudou para a Travessa
9 de janeiro, 75.
Em 18 de agosto de 1916, chegaram a Belém os suecos Samuel e
Lina Nyström, os primeiros missionários oficialmente enviados pela Igreja
Filadélfia de Estocolmo.
Em 3 de julho de 1917, Frida Vingren chegou a Belém, como
missionária também enviada pela Igreja Filadélfia de Estocolmo.
II – Registrada a primeira “Assembleia de Deus”
Em 11 de janeiro de 1918, Gunnar Vingren registrou o
Estatuto da Igreja no Cartório de Registro de Títulos e Documentos do 1º
ofício, em Belém, no Livro A, Nº 2, de Registro Civil de Pessoas Jurídicas e
outros papéis, número de ordem 131.448, sob o nome “Estatuto da Sociedade
Evangélica Assembléa de Deus”, número de ordem 21.320, do Protocolo Nº 2.
Os extratos do Estatuto foram publicados no Diário Oficial
do Estado do Pará, sob nº 766524.
Com esse registro, a igreja começou a existir legalmente
como pessoa jurídica adequando-se aos Artigos 16 e 18 do primeiro Código Civil
Brasileiro que acabara de entrar em vigor em 1º de janeiro de 1917.
III – Primórdios no Pará
Os primeiros lugares no Pará que receberam a mensagem
pentecostal foram: Soure e Mosqueiro, na Ilha de Marajó (Daniel Berg, 1911);
Bragança (Daniel Berg, 1912); Xarapucu e Catipuru (Daniel Berg, 1913); Estrada
de Ferro Belém-Bragança, Igarapé-Assu, Benevides, Capanema, Timboteua,
Peixe-Boi e Bragança (Clímaco Bueno Aza, 1913); Ilha Caviana (Daniel Berg,
1914); Afuá, Ilha de Marajó (Gunnar Vingren e Daniel Berg, 1914); São Luís do
Pará (1915); Assaisal (Bonito) (Joaquim Amaro do Nascimento, Francisco Santos
Carneiro e João Paraense, 1919); e vários outros lugares foram sendo visitados
pelos primeiros missionários e crentes da AD de Belém.
IV – Primórdios fora do Pará
Não muito tempo depois as Assembleias de Deus chegaram aos
grandes centros urbanos das regiões Sul e Sudeste, como Porto Alegre, São Paulo
e Belo Horizonte. Em 1922 chegou ao Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão,
e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, PA, em 1924,
para a então capital da República. Desde 1930, quando se realizou a primeira
Convenção Geral dos pastores na cidade de Natal, RN, as Assembléias de Deus no
Brasil passaram a ter autonomia interna, sendo administrada exclusivamente
pelos pastores residentes no Brasil, sem, contudo perder os vínculos fraternais
com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior
colaboração das Assembléias de Deus dos EUA através dos missionários enviados
ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação
teológica da denominação
Os primeiros lugares fora do Pará que receberam a mensagem
pentecostal foram: Uruburetama, CE (Maria de Nazaré, 1914); Maceió, AL (Gunnar
Vingren, 1914; Otto Nelson, 1914); Campina Grande, PB (Manoel Francisco Dubu,
1914; Felipe Nery Fernandes, 1922); Roraima (Cordulino Teixeira Bastos, 1915);
Manaus, AM (Severino Moreno de Araújo, 1917); Macapá, AP (Clímaco Bueno Aza,
1916); Recife (Adriano Nobre, 1916); Natal, RN (Pregadores de nomes
desconhecidos e Adriano Nobre, 1918); João Pessoa, PB (Francisco Félix e
esposa, 1920); Rio de Janeiro, RJ (Gunnar Vingren, 1920, 1923; alguns crentes
do Pará, 1923); Santos, SP (Gunnar Vingren, 1920; crentes de Pernambuco,1923;
Daniel Berg, 1924); Tubarão, SC (Gunnar Vingren, 1920); Criciúma, SC (Gunnar
Vingren, 1920); Itajaí, SC (Gunnar Vingren, 1920); São Paulo, SP (Gunnar
Vingren, 1920, 1923; Daniel Berg, 1927); São Bernardo, SP (Gunnar Vingren,
1920); São Luís, MA (Clímaco Bueno Aza, 1921); Estrada de Ferro Madeira-Mamoré,
noroeste de Mato Grosso (Paul John Aenis, 1922; Elói Bispo de Sena, 1923);
Porto Velho (RO) (Paul John Aenis,
1922); Vitória, ES (Galdino Sobrinho e esposa, Daniel Berg, 1922); Fortaleza,
CE (Antonio Rêgo Barros, 1922); Niterói, RJ (Heráclito de Menezes, 1923); Porto
Alegre, RS (Gustav Nordlund, 1924); Canavieiras,
BA (Joaquina de Souza Carvalho, 1926); Belo Horizonte, MG (Clímaco Bueno Aza,
1927); Aracaju, SE (Sargento Ormínio, 1927); Teresina, PI (Raimundo Prudente de
Almeida, 1927) e Curitiba, PR (Bruno Skolimowski, 1928); Itajaí, SC (André
Bernardino da Silva, 1931); Cruzeiro do Sul, AC (Manoel Pirabas, 1932);
Goiânia, GO (Um grupo de crentes da AD de Madureira, RJ, deu início à AD de
Goiânia em 1936 e Antônio Moreira, então diácono da AD de Madureira, foi
enviado por Paulo Leivas Macalão para fundar a igreja.); Cuiabá, MT (Eduardo
Pablo Joerck, 1936); Rio Branco, AC (Luís Firmino Câmara, 1943); e Campo
Grande, MS (Juvenal Roque de Andrade, 1944).
V – Começa a imprensa pentecostal
As primeiras publicações da AD, que antecederam o jornal
Mensageiro da Paz, foram o jornal “Voz da Verdade” (1917 a 1918), por Almeida
Sobrinho e João Trigueiro da Silva; o jornal “Boa Semente” (1919 a 1930), por
Gunnar Vingren e Samuel Nyström; e o jornal “O Som Alegre” (1929 a 1930), por
Gunnar Vingren.
VI – Primeiros hinários
Também em 1917, a AD de Belém (PA) imprimiu o seu primeiro
hinário que ficou pronto no dia 6 de outubro e continha 194 hinos e cânticos.
Em 1922, era publicada no Recife a primeira edição da Harpa Cristã, que passou
a ser o hinário oficial das Assembléias de Deus.
Fonte: Mensageiro da Paz
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