sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Natal



O que se comemora no natal? O nascimento do papai noel?!!
Caramba deve ser né, só ouço falar desse tal papai noel no natal.
Até agora eu tinha certeza que se comemorava o nascimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, que é o mistério da encarnação. Na linguagem cristã, é a vinda de Jesus ao mundo, festejada pela Igreja.
Os quatro Evangelhos aceitos pela Igreja sublinham o caráter salvítico de seu advento. Grande parte do que é conhecido sobre o nascimento de Jesus, sua vida e seus ensinamentos é contado pelos Evangelhos canônicos: (canonicos por que são sagrados e inspirados por DEUS, YHWH, JEOVA) Os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os Evangelhos Apócrifos apresentam também alguns relatos relacionados com a infância de Jesus (são apócrifos por que não são sagrados, ou seja, não inspirados por DEUS; são eles: Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico (também chamado Sirácide ou Ben Sirá), Baruc (ou Baruque) e também as adições em Ester e em Daniel - e os episódios da História de Susana e de Bel e o dragão.) 
E o papai noel onde entra no natal?!!
Agora fiquei encucado?!!
Papai Noel ou Pai Natal ("Noel" é natal em francês) é uma figura lendária que, em muitas culturas ocidentais, traz presentes aos lares de crianças bem-comportadas na noite da Véspera de Natal, o dia 24 de dezembro, ou no Dia de São Nicolau (6 de dezembro). A lenda pode ter se baseado em parte em contos hagiográficos sobre a figura histórica de São Nicolau. Uma história quase idêntica é atribuída no folclore grego e bizantino a Basílio de Cesaréia.
Não se esqueça de JESUS CRISTO; Não deixe o Papai Noel Usurpar o lugar de Cristo! O Natal é o Dia do Nascimento de Jesus. É a data mais importante da história da humanidade!
Feliz Natal



Pastor Samuel Mendes

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

POR QUE DOMINGO E NÃO O SÁBADO


POR QUE DOMINGO E NÃO O SÁBADO

Volta e meia somos confrontados por sabatistas que vêem nos acusar de estarmos santificando um dia espúrio por influência de uma suposta invenção ou alteração feita pela Igreja Romana ou pelo Imperador Constantino no ano 
346 A.D. Essas acusações são infundadas e procurarei mostrar que a observância dominical é Bíblica e sempre foi praticada pelos Cristãos.


Por que não guardamos o Sábado?
1.      Não Guardamos o Sábado pois ele fazia parte da Lei e está foi toda cumprida em Cristo. (2 Cor.3:7-14, Ef.2:15, Col.2:16,17.)
2.      Não Guardamos o Sábado por que não há ordem alguma no Novo Testamento para que a Igreja o guarde. (Rom.14:5, Gal.4:9-11, Col.2:16,17)
3.      O Sábado era símbolo da Antiga Aliança, feita com Israel. O Povo foi infiel à antiga aliança. Deus em Cristo fez uma Nova Aliança com toda a humanidade que substituiu a Antiga. (Ex.31:16, Jer.31:31, Mat.26:28, 2 Cor.3:6, Heb.8:8, 9:15, 12:24)

Por que celebramos o Domingo?
 1.      Celebramos o Domingo pois foi neste dia que Nosso Senhor Jesus Cristo ressurgiu dentre os mortos.(Mar.16:9, Jo.20:1)
2.      O primeiro dia da semana era o dia que o Senhor aparecia aos discípulos. (Lc: 24:13-15, João 20:19,26)
3.      No primeiro dia da semana o Espírito Santo desceu maravilhosamente, sobre os discípulos, que se encontravam no cenáculo.(At.2:1-4)
4.      No primeiro dia da Semana os crentes se reuniam para o Culto e celebrar a Ceia do Senhor. (At. 20:7, 1Cor.16:2)
5.      O Primeiro dia da Semana é Dia do Senhor.(Ap.1:10)

Documentos e Testemunhos Históricos atestam que a Igreja Cristã sempre Celebrou o Domingo antes de 346.

  A Didaché* !Mas a cada DIA do SENHOR? ajuntai-vos e partilhai do pão, e fazei vossas ações de graça após ter confessado vossas transgressões, para que o vosso sacrifício possa ser puro. Todavia não deixai ninguém que está em divergência com seu amigo agregar-se a vós, até que eles estejam reconciliados, para que o vosso sacrifício não possa ser profanado? (Didaché 14:1, Padres Ante-Niceianos Vol. 7, pg. 381)

· 107 A Didaché*  Inácio: Não vos enganeis com doutrinas estranhas, nem com velhas fábulas, as quais não trazem nenhum proveito. Pois se nós vivêssemos ainda de acordo com a lei Judaica, nós reconheceríamos que não teríamos recebido a graça...Se, portanto, aqueles que foram trazido s da antiga ordem das coisas vieram à possessão de uma nova esperança, não mais observando o Sabbath (Sábado judaico), mas vivendo na observância do Dia do Senhor, na qual também nossa vida brotou novamente por Ele e por intermédio de Sua morte (Que alguns negam), por tal mistério nós recebemos fé, e contanto que soframos a fim de que nós possamos ser achados discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre, como seríamos capazes de viver apartados dele por quem até mesmo os profetas estão procurando como seu Mestre uma vez que estes são seus discípulos no espírito? ...Que todo amigo de Cristo guarde o Dia do Senhor como um festival, um dia de ressurreição, a coroa e chefe de todos os dias da semana. É um absurdo falar de Jesus Cristo com a língua , e fomentar na mente um Judaísmo que tem agora chegado a um fim, pois onde houver Cristianismo não pode haver Judaísmo...Estas coisas eu envio a vós, meus amados, não que eu saiba que algum de vós esteja em tal estado; mas desejo de ante mão vos resguardar, antes que qualquer dentre vós caia nos anzóis de vãs doutrinas, mas para que possais melhor apegai-vos a uma completa certeza em Cristo...(Inácio, Epístola aos Magnesianos, capítulo 9. Padres Ante-Niceianos, Vol. 1, pg.62-63)

· 110 A Didaché  Plínio: eles tinham o hábito de se reunirem num determinado dia fixo antes que clareasse, quando cantavam hinos diversos a Cristo, como para um Deus, se uniam em um solene juramento de não praticar quaisquer atos iníquos, nunca cometerem qualquer tipo de fraude, roubo ou adultério, nunca em prestar um falso testemunho nem em negar uma responsabilidade quando fossem eles chamados para tal; após o que era costume deles se separarem e então se reunirem novamente para participar de uma boa refeição ! mas comida de tipo frugal e inocente.

  150 A Didaché  Justino:?aqueles que tem perseguido e verdadeiramente perseguem a Cristo, se eles não se arrependerem, não deverão herdar nada no monte santo. Mas os Gentios, os quais têm acreditado Nele, e têm-se arrependido dos pecados que cometeram, receberão a herança junto com os patriarcas, profetas e dos homens justos descendentes de Jacó, mesmo que esses não guardem o Sabbath, nem são circuncidados, nem observem as festas. Com toda certeza eles receberão a santa herança de Deus. (Diálogo com Trifo, o Judeu, 150-165 AD, Padres Ante-Niceianos , vol. 1, pg. 207)

· 190 A Didaché  Clemente de Alexandria: Ele cumpre os mandamentos de acordo com o Evangelho e guarda o !Dia do Senhor?, quase sempre ele lança fora maus pensamentos...glorificando a ressurreição do Senhor nele mesmo. (Ibid. Vii.xii.76.4)

· 200 A Didaché  BARDESANES: Onde quer que estejamos, somos todos chamados segundo o nome dos Cristãos de Cristo. Em um dia, o primeiro da semana, nós nos reunimos em assembléia.

· 200 A Didaché  Tertuliano: !Nós solenizamos o dia posterior ao Sábado em distinção àqueles que chamam a esse dia seu Sabbath? (Apologia de Tertuliano, Cap. 16)

· 200 A DidachéD Tertuliano: Segue de acordo que, da mesma maneira que as abolições da circuncisão carnais e da antiga lei são demonstradas como tendo sido consumadas aos seus específicos tempos, assim também a observância do Sabbath é demonstrada ter sido temporária. (Uma Resposta aos Judeus 4:1, Padres ante-niceianos Vol. 3, pág. 155).

· 220 *A Didaché  Orígines: !No Domingo nenhuma das ações do mundo deveriam ser feitas. Quando então, abstenhai-vos de todas as obras deste mundo e mantende-vos livres para as coisas espirituais, ide à Igreja, escutai as leituras e as divinas homilias (antigos discursos), meditai nas coisas celestiais. (Homilías Número 4, PG 12:749)?.

· 220 *A Didaché  Orígines !Uma vez que não é possível que o dia de descanso após o sabbath deveria vir a existir a partir do sétimo dia de nosso Deus. Pelo contrário, é nosso Salvador quem, após o padrão de seu próprio descanso, nos proporcionou a sermos feitos a similitude de sua morte, e daí também de sua ressurreição? (Comentários em João 2:28).
Vemos que tanto a Bíblia como a História nos mostram que o Domingo sempre foi o dia que os primitivos cristãos celebravam como o DIA DO SENHOR,e não o Sábado da Lei. Portanto, tendo em mente as razões Bíblicas da importância do Domingo,celebremo-lo com alegria e ação de Graças, para a honra e glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
* A Didaché= Doutrina dos Doze Apostolos.

Autor: Francisco Belvedere Neto

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O Cristão e o Natal

Amados irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor Jesus; devido a muitos questionamentos a respeito do Natal e a sua liturgia, despertou-me o interesse em escrever a respeito, manifestando o meu ponto de vista; contudo, fazendo pesquisas, me deparei com as palavras do Pastor Ciro Sanches Zibordi, comentarista da CPAD, com o qual muito me identifiquei. Então quero apenas transcrever as suas palavras como se fossem minhas, fazendo um acréscimo a respeito apenas do boneco de papai noel, duendes e gnomos.
Papai Noel é o São Nicolau, bispo católico do século quinto. A Enciclopédia Britânica, 11ª edição, vol. 19, página 648-649, diz: “São Nicolau, bispo de Mira, santo venerado pelos gregos e latinos em 6 de Dezembro… conta-se uma lenda segundo a qual presenteava ocultamente as três filhas de um homem pobre…. Deu origem ao costume de dar em segredo na véspera do dia de São Nicolau (6 de Dezembro), data que depois foi transferida para o dia do Natal. Daí a associação do Natal com São Nicolau….”; Tambem este bispo dizia que todas as mulheres antes de se casarem deveria ser submetida a um teste de virgindade por ele; dai surgiu o nome do exame papanicolau.
Os pais castigam seus filhos por dizerem mentiras, porém ao chegar o Natal eles mesmos se encarregam de contar-lhes a mentira do “Papai Noel”.
Por fim a bíblia condena idolatria; ("Êxodo 20:3-4 Não terás outros deuses além de mim. "Não farás para ti nenhum ídolo, ne­nhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra.  " Levítico 19:4 Não se voltem para os ídolos nem façam para vocês deuses de metal. Eu sou o ­Senhor, o Deus de vocês). Notem que a ordem é para não fazer a imagem. Nem tampouco adorar.
Se o cristão acha normal ter em casa uma figura do bispo Nicolau, poderá ter também uma da senhora aparecida, uma de são Pedro, uma de são Paulo ou até mesmo uma de Jesus; se acha inviável ter uma estátua dessas em sua casa, não queira ter uma de são Nicolau (papai noel). Quanto as demais coisas, árvores, laços, e outros adereços, não vejo nenhum problema; não podemos espiritualizar o que não é espiritual, pois se assim agíssemos, deixaríamos de comer carne de frango, pois a ave é usada em despachos de macumba, como oferendas a satanás, e por ai vai.
Pastor Samuel Mendes
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Com a aproximação do mês dezembro, alguns cristãos inimigos do Natal — que ironia! — começam espalhar nas redes sociais textos e vídeos pelos quais satanizam o Natal, como se este trouxesse muitos males à cristandade. Neste artigo refutarei pacientemente, item por item, o texto preferido dos evangélicos que se opõem ao Natal: “10 motivos para não celebrar o Natal”.
1. “A Bíblia não manda celebrar o nascimento de Cristo”.
Refutação: de fato, na Bíblia não está escrito: “Celebrai com júbilo o Natal de Cristo, todos os moradores da terra”. Mas nem tudo, nas Escrituras, é tratado por meio de mandamentos. A Bíblia é, também, um Livro de princípios, doutrinas, tipos, símbolos, parábolas, metáforas, profecias, provérbios, exemplos, etc. E um grande exemplo foi dado pelos anjos de Deus, que celebraram o Natal de Cristo, dizendo: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!” (Lc 2.14). Se há cristãos fanáticos, a ponto de se apegarem à questiúncula de que não existe um mandamento específico para se celebrar o Natal, que parem também de comemorar o Dia do Pastor, o Dia da Bíblia, o Dia da Escola Dominical, o Dia de Missões, a Festa das Nações, o Ano de Gideão, o Ano de Davi, o Ano da Colheita, o Feriado da Visão, o Ano Apostólico, a Semana Profética, etc. Ah, e também parem de receber presentes de aniversário, pois não há nenhum mandamento bíblico para celebrarmos o nosso aniversário!
2. “Jesus não nasceu em 25 de dezembro. Essa data foi designada por Roma numa aliança pagã no século IV. A primeira intenção era cristianizar o paganismo e paganizar o cristianismo; de acordo com o calendário judaico, Jesus nasceu em setembro ou outubro”.
Refutação: ora, como se sabe, Jesus não nasceu em 25 de dezembro. Mas essa data foi escolhida pela Igreja Católica Romana (casada com o Estado, à época) a fim de induzir os pagãos — que adoravam o sol — a celebrarem o nascimento de Cristo. Em outras palavras, a intenção do imperador romano foi boa! Considerando que já havia uma grande comemoração pagã no mesmo dia, ele induziu a todos a se lembrarem do dia natalício de Cristo na data que eles estavam acostumados a adorar um deus falso! Bem, digamos que, um dia, ocorra um grande avivamento no Brasil, e conversões em massa aconteçam. O Brasil, então, se torna 100% evangélico, e o Estado brasileiro decide que 12 de outubro passará a ser o  Dia de Louvor a Jesus Cristo! O leitor se revoltaria contra essa data, sob a alegação de que ela fora outrora consagrada à Senhora Aparecida?
3. “A igreja do Senhor está vivendo a época profética da festa dos tabernáculos, que significa a preparação do caminho do Senhor; e, se você prepara o caminho para Ele nascer, não o prepara para Ele voltar”.
Refutação: veja que contradição! Pessoas se arvoram contra o Natal porque não existe um mandamento específico sobre essa celebração, mas, ao mesmo tempo, apegam-se a uma simbologia “forçada”, com base na festa dos tabernáculos, para se oporem ao Natal de Cristo? Ora, uma das doutrinas fundamentais da Palavra de Deus é a encarnação do Verbo, isto é, o seu glorioso nascimento (Jo 1.14; 1 Tm 3.16). Aliás, a obra da redenção está em um tripé: nascimento do Senhor, sua morte e sua ressurreição (Gl 4.4; 1 Co 15.1-4). Ignorar o Natal de Cristo é deixar de valorizar uma parte de sua obra salvífica.
4. “O natal é uma festa que centraliza a visão no palpável e esquece-se do que é espiritual. Para Jesus o mais importante é o Reino de Deus, que não é comida nem bebida, mas justiça e paz no espírito”.
Refutação: o Natal de Cristo, em si, não é uma festa de comida e bebida. São as pessoas do mundo sem Deus que só priorizam isso, em detrimento de real sentido da celebração em apreço. Quanto ao cristão que se preza, deve ser diferente das pessoas do mundo, a despeito de estar no mundo. Ele não se conforma com o modus vivendi das pessoas do mundo sem Deus (Rm 12.1,2), nem abraça o modo cada vez mais sincrético e consumista de se celebrar o Natal (cf. 1 Co 10.23-32). A despeito de o Reino de Cristo ser preponderantemente espiritual, somos pessoas normais, que precisam comer, beber, dormir, trabalhar, participar de eventos festivos, etc. Segue-se que se alegrar com a família, no fim de dezembro, com um grande almoço ou jantar, glorificando a Cristo por seu Natal e sua obra vicária, como um todo, é lícito e conveniente ao cristão equilibrado, não legalista.
5. “O natal se tornou um culto comercial que visa render muito dinheiro. Tirar dos pobres e engordar os ricos. É uma festa de ilusão em que muitos se desesperam porque não podem comprar um presentinho para os filhos”.
Refutação: a afirmação acima é reducionista, visto que não pondera que o Natal de Cristo subsiste sem o aludido “culto comercial”. A Páscoa, por exemplo, não deixa de ser legítima em razão de ser usada pelo mundo capitalista para explorar o consumismo. Se há uma celebração de Natal que prioriza o comércio, existe, também, uma celebração que prioriza Cristo. Segue-se que o motivo alegado para não celebrar o Natal de Cristo é, além de reducionista, generalizante e preconceituoso.
6. “O natal está baseado em culto a falsos deuses nascidos na Babilônia. Então, se recebemos o natal pela Igreja Católica Romana, e esta, por sua vez, a recebeu do paganismo, de onde a receberam os pagãos? Qual a origem verdadeira? O natal é a principal tradição do sistema corrupto, denunciado inteiramente nas profecias e instruções bíblicas sobre o nome de Babilônia. Seu início e origem surgiram na antiga Babilônia de Ninrode. Na verdade, suas raízes datam de épocas imediatamente posteriores ao dilúvio”.
Refutação: para início de conversa, o argumento acima despreza o fato de o Natal de Cristo preceder e transcender o paganismo que se infiltrou na Igreja Católica Romana. O nascimento do Senhor Jesus foi celebrado até pelos anjos, que exclamaram: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!” (Lc 2.14). E mais: os magos do Oriente adoraram o Menino, ofertando-lhe dádivas, em uma casa — e não na manjedoura —, cerca de dois anos após o seu nascimento, conforme análise cuidadosa de Mateus 2. Ou seja, o Natal de Cristo não é invenção dos pagãos, e sim uma celebração genuinamente cristã. Portanto, nos lembrarmos do nascimento de Cristo, descrito na Bíblia, e glorificarmos a Deus por nos ter dado o seu Filho Unigênito é lícito e conveniente. Isso nada tem a ver com Roma, Babilônia, etc. Ademais, o fato de o Natal de Cristo ser celebrado também pela Igreja Católica Romana não o torna idolátrico ou pagão. Caso contrário, a missa, com a sua hóstia, tornaria a Ceia do Senhor igualmente idolátrica, não é mesmo?
7. “O natal não glorifica a Jesus, pois quem o inventou foi a Igreja Católica Romana, que celebra o natal diante dos ídolos (estátuas). Jesus é contra a idolatria e não recebe adoração dividida”.
Refutação: esse argumento também é reducionista, posto que ignora o fato de a idolatria ser uma condição do coração. Ela não é um pecado praticado de modo subjetivo. Celebrar o Natal de Cristo não implica idolatria. Esta, à luz do Novo Testamento, é uma ação objetiva, e não subjetiva. A idolatria é praticada de modo consciente. Nesse caso, dizer que o crente que celebra o Natal é idólatra não reflete julgamento segundo a reta justiça (Jo 7.24), como já destaquei em meu texto anterior, também a respeito do Natal.
8. “Os adereços (enfeites) de natal são verdadeiros altares de deuses da mitologia antiga (que são demônios)”.
Refutação: de fato, muita coisa que há no mundo tem ligação com o paganismo e a idolatria: comidas, festas, nomes de cidades, costumes, etc. O cristão não deve ser paranoico quanto a isso. A ele basta ser fiel ao seu Deus, não tomando parte, ativa e conscientemente, do culto aos deuses. Lembro o leitor, mais uma vez, de que a idolatria é praticada de modo objetivo, e não subjetivo. Opor-se ao Natal por causa dos enfeites cuja origem está ligada ao paganismo e praticar outras coisas de origem pagã é o mesmo que coar mosquitos engolir camelos (Mt 23). O cristianismo verdadeiro não é fanatizante, como as religiões e seitas pseudocristãs e extremistas, que proíbem doação de sangue, ingestão de determinados tipos de alimento, participação em festas, casamento no templo, trabalho em determinado dia da semana, etc. Somos livres em Cristo (1 Co 10.23-32). Reprovar e até proibir a celebração do Natal de Cristo por causa de Papai Noel, duendes, gnomos, decorações natalinas e outras coisas mundanas não é uma característica do cristianismo equilibrado (cf. Ec 7.16,17). Se quisermos abraçar o legalismo, não podemos falhar em nenhum ponto da lei. O crente que se opõe ao Natal de Cristo por causa dos elementos pagãos e consumistas, mencionados neste artigo, também deixa de consumir bolo de aniversário, em razão de sua origem pagã? O que ele pensa sobre o vestido de noiva, o terno e a gravata, as construções que ele visita e as ruas da cidade por onde ele anda?
9. “O natal de Jesus não tem mais nenhum sentido profético, pois todas as profecias que apontavam para sua primeira vinda à terra já se cumpriram. Agora nossa atenção de se voltar para sua Segunda vinda”.
Refutação: nesse caso, a Bíblia é apenas um tratado de escatologia, que se ocupa exclusivamente de assuntos relativos ao futuro? Ora, as Escrituras apresentam muitas doutrinas escatológicas, porém a Palavra de Deus também contém teologia, cristologia, pneumatologia, antropologia, hamartiologia, soteriologia, eclesiologia e angelologia. Sabemos que o Natal de Cristo está ligado diretamente à cristologia e à soteriologia. Entretanto, como todas as doutrinas bíblicas são intercambiáveis, em Apocalipse 12 há uma menção ao Menino Jesus! Será que os inimigos do Natal sabem disso?
10. “A festa de natal traz em seu bojo um clima de angústia e tristeza, o que muitos dizem ser saudades de Jesus, mas na verdade é um espírito de opressão que está camuflado, escondido atrás da tradição romana que se infiltrou na igreja evangélica, e que precisamos expulsar em nome de Jesus”.
Refutação: desde a minha infância aprendi a celebrar o Natal de Cristo. Lembro-me com muita alegria das peças, poesias e cantatas natalinas, além das maravilhosas mensagens de Natal, ministradas por homens de Deus. A lembrança da encarnação do Senhor propicia alegria na alma, e não tristeza! Prova disso é que vários hinos da Harpa Cristã, hinário oficial das Assembleias de Deus, nos estimulam a celebrar o Natal de Cristo. Vejamos especialmente os hinos 21, 120, 366, 481 e 489.
Diante do exposto, apresento algumas sugestões (ou conselhos) aos cristãos inimigos do Natal de Cristo. Não se deixem influenciar pelo espírito do Anticristo (1 Jo 4.3). Observem que o Diabo deseja, a todo custo, fazer com que o nome de Jesus desapareça da face da terra. E uma de suas estratégias é apresentar “outro evangelho”, fanatizante, farisaico, legalista, que procura desviar os salvos da verdade, carregando-os de ordenanças, como: “não toques, não proves, não manuseies” (Cl 2.20-22). Em vez de apresentarem inúmeras razões para não celebrarmos o Natal de Cristo, falem da gloriosa encarnação do Verbo (1 Tm 3.16; Jo 1.14; Gl 4.4,5), da sua morte vicária (2 Co 5.17-21) e da sua maravilhosa ressurreição (1 Co 15.17-20)!

Pastor Ciro Sanches Zibordi, comentarista da CPADNEWS

Quem foi Flavio Josefo?

Yossef ben Matitiahu Ha-Cohen, um dos líderes da 1ª Revolta Judaica contra o Império Romano, termina seus dias em Roma, onde adota o nome de Flavius Josephus. Lá escreve a história e apologia da Nação Judaica e de si mesmo, suspeito tanto aos olhos de seus correligionários, quanto aos olhos dos romanos Yossef ben Matitiahunasceu em Jerusalém, em 38 ou 39 da Era Comum (EC), em uma renomada família de Cohanim da qual se vangloria em sua Autobiografia, da qual procedem todas as informações a seu respeito. Sua mãe descende da dinastia Hasmonéia. Assim escreve: “Tenho reis entre meus antepassados. O ramo dos hasmoneus, do qual minha mãe é proveniente”. Criado na melhor tradição da Judéia, recebe uma minuciosa instrução da Torá e uma boa educação geral. Aos 13 anos iniciou seu aprendizado sobre as principais seitas judaicas da época: fariseus1, saduceus e essênios. Após viver dos 16 aos 19 anos junto a um asceta chamado Bano, opta por aderir ao farisaísmo.
Soldado, político, comandante
Em 64 EC, aos 26 anos, seguiu numa embaixada em Roma, onde obteve, por intermédio de Popéia Sabina, esposa do imperador romano Nero, a libertação de alguns Cohanim que estavam presos. O sucesso desta missão colocou Josefo em posição respeitável frente aos seus conterrâneos. Foi, também, o seu primeiro contato direto com o poderio de Roma, algo que o deixou fascinado e convencido de que os romanos eram invencíveis – e iria influenciar sua atitude posterior. Ao regressar, tentou em vão dissuadir seus compatriotas de empreender a guerra contra os romanos.
Não obstante, ao irromper a grande revolta em 66 EC, quando os judeus reconquistaram temporariamente a independência, foi designado pelo San’hedrin governador militar da Galiléia e para lá enviado para organizar a resistência judaica. Entretanto, mais do que preparar o território e a população para o enfrentamento com as legiões romanas, Josefo combateu os conflitos internos provocados pelas várias facções judaicas. Desaveio-se com os mais extremistas, que o culpavam de contemporizar. Por sua atitude ambígua, foi acusado por vários grupos de traição à causa judaica. Tamanha a sua necessidade de se justificar a respeito do curto tempo em que governou a Galiléia, que irá dedicar a esse período de sua vida grande parte de sua obra Autobiografia.
Vespasiano, enfim, ataca a Galiléia com um exército de mais de 60 mil homens. Em sua obra A Guerra Judaica, Josefo faz uma detalhada descrição dos acontecimentos. A devastação é total. O povo da Galiléia não tinha como enfrentar os romanos em campo aberto e, sitiadas, as cidades foram caindo uma a uma. Bloqueado em Jotapata, Josefo resiste a 47 dias de cerco. Então acontece o inesperado e questionável...
A “Roleta Romana” – traidor?
Em 20 de julho de 67 EC, dia da queda de Jotapata, ocorre o mais suspeito episódio da vida de Josefo, descrito por ele na terceira pessoa. “...Depois da queda da cidade, fugindo em meio aos inimigos, ele [Josefo] desceu a um poço muito profundo ao lado do qual havia uma caverna espaçosa, que não podia ser vista do alto. Lá encontrou 40 dos mais valentes dos seus, que também ali se tinham refugiado e que tinham todo o necessário para vários dias(...). Dois dias assim se passaram; no terceiro, uma mulher o denunciou(...). Vespasiano mandou Paulino e Galicano, dois tribunos, garantir-lhe que o trataria bem, exortando-o a sair; ele não quis fazê-lo, porque, não estando persuadido da clemência dos romanos, e sabendo do seu ressentimento pelo mal que lhes havia feito, temia que quando o tivessem em seu poder, procurassem vingar-se”. Não conseguindo convencê-lo a se entregar, os romanos decidiram incendiar a caverna, só não o fazendo porque Vespasiano o queria vivo – e convida Josefo a se render, prometendo poupá-lo. Perante seus companheiros, aceitar tal proposta seria uma traição: todos prefeririam morrer a se entregar. Josefo dissuadiu-os do suicídio e propôs que se estrangulassem reciprocamente numa ordem determinada por sorteio. “Para ver quem deverá ser morto por primeiro por aquele que o seguirá; continuemos a fazer sempre do mesmo modo, a fim de que nenhum de nós se mate por si mesmo, mas receba a morte das mãos de outro”. Restaram vivos somente ele e um companheiro, como ele mesmo tenta explicar, constrangido:  “Isso continuou até que restavam somente Josefo e outro; o que aconteceu, talvez, por uma especial proteção de D’us ou por casualidade”. Teria havido um truque ao tirar a sorte? Feito prisioneiro, Josefo prediz a Vespasiano que ele ostentaria em breve a púrpura imperial; quando tal se confirmou, em 69 EC, foi liberto, como recompensa, e passou a protegido dos romanos.
De Yossef a Josefo
Após ir com o imperador a Alexandria, retornou ao palco da guerra na Judéia, testemunhou o cerco e a queda de Jerusalém, acompanhando o vencedor até Roma, onde chegou em 71 com a comitiva de Tito. Tornou-se cidadão romano e cliente da dinastia dominante, os flavianos.
Embora Josefo só se refira a si próprio por este nome, adotou o prenomeTitus e o nome Flavius de seus patrões e protetores. Esta prática era costumeira para todos os “novos” cidadãos romanos. Assim resultou o cognome pelo qual ficou conhecido na história e na literatura: Tito Flávio Josefo. Passou, também, a receber uma generosa pensão, além de terras na Judéia, confiscadas dos revoltosos, mas viveu em Roma o resto da vida. As honrarias prosseguiram sob o reinado de Tito e Domiciano.
Sempre permaneceu, pelo menos a seus próprios olhos, um judeu cumpridor das leis e leal. Nunca pretendeu se distanciar de seu povo. Após a morte de sua primeira esposa, juntamente com seus pais, durante o cerco de Jerusalém, casou-se mais três vezes com mulheres judias, e teve filhos. Como escreveu Lewis Browne, “Josefo tornou-se caudilho romano, porém, tanto o remoía a consciência, que ele passou o resto da vida a glorificar e defender em livros a história e a religião dos judeus”.
A obra de Josefo
Sem dúvida, Josefo foi um importante apologista da cultura e do Povo Judeu no mundo romano, numa época de conflito e tensão. Através de sua obra procurou revelar o judaísmo aos letrados e sua compatibilidade com o pensamento helenista. Ressaltando a antigüidade da cultura judaica, apresentava seu povo como civilizado, devoto e filosófico. Nos cerca de 30 anos em que viveu em Roma sob o patrocínio de Vespasiano, Tito e Domiciano, Josefo escreveu a maior parte de seus trabalhos, dos quais restam quatro: Bellum Iudaicum (A Guerra Judaica) em sete volumes;Antiquitates Iudaicae (Antigüidades Judaicas ) em 20 tomos; em Contra Apionem (Contra Apio) defende os judeus das acusações deste alexandrino; e, em Vita (Autobiografia), defende-se das acusações de que teria sido responsável pela guerra.
Compôs a Guerra Judaica, obra sobre os judeus e sua guerra contra Roma, originalmente em aramaico. Encorajado a traduzi-la para o grego, ele próprio o fez, entre 79 e 81 EC, e foi esta versão que chegou até nós. Alguns acham que a escreveu por remorso – pelo modo suspeito como salvou sua vida. Mas é mais provável que seja uma obra encomendada. Sendo ainda numerosos os judeus no Império Romano e esboçando-se novas revoltas, era preciso dissuadir qualquer tentativa de insurreição. A melhor forma é o relato da guerra na Judéia – e quem melhor do que Josefo para fazê-lo?
Sua segunda obra, Antigüidades Judaicas, narra a história dos judeus desde seus primórdios até a deflagração dessa guerra. Escrita em grego, fica pronta em 93 EC. Josefo, como qualquer judeu da época, sofre muito com a ignorância e o desprezo do mundo greco-romano acerca dos judeus e de seus costumes, tradições e crenças. Julgados a partir dos padrões culturais gregos, os costumes alimentares e rituais judaicos causavam profunda estranheza; sua história era vista como mítica e absurda, suas origens desfiguradas por feroz anti-semitismo. O objetivo de Josefo com esta obra é, portanto, mais que informar, defender seu povo e impressionar os romanos através de uma história milenar. Mostrar a antigüidade das origens era, na sua época, fundamental para qualquer povo que queria ser respeitado.
Um exemplo do anti-semitismo que florescia no século I EC é o que se manifesta entre escritores egípcios helenizados, de Alexandria, entre os quais Apion. É contra ele que Josefo escreve o Contra Apion,em 95 EC, contestando como falsas as idéias difundidas em Roma por esse popular autor. Apion, de origem egípcia, era escritor e professor grego, famoso como mestre em Homero e autor de uma obra sobre a história do Egito, com grande influência na formação da opinião pública culta de sua época.
Nas palavras de Jacob Guinsburg, Contra Apion é “uma de suas melhores realizações literárias. Escrita com grande veemência, é uma peça de defesa apaixonada, mas autêntica. (...) contém, na segunda parte, um esforço compreensivo das concepções de vida e dos costumes religiosos e legais dos judeus, que, colocados sob a égide da legislação revelada de Moisés e da polis teocrática inspirada diretamente nos Mandamentos de D’us, encontraram na Sua Torá as noções que são também as dos mais sábios dentre os gregos, com a vantagem de terem sido convertidas em prática preceitual e religiosa, argumenta Flávio Josefo”.
O historiador e a permanência de seus registros
Se fossem levados em conta exclusivamente os judeus, talvez a obra de Josefo jamais tivesse chegado até nós. Ele só é citado na literatura judaica a partir do século 10. Em contrapartida, seus escritos interessaram aos cristãos, que, desde cedo, começaram a citá-lo e a utilizá-lo. Orígenes, Jerônimo e muitos outros viram em Josefo o complemento do Novo Testamento, já que havia sido quase contemporâneo de Jesus e dos Apóstolos na Judéia, e nos textos fala de Herodes e Pôncio Pilatos. Sua preocupação em mostrar a antigüidade da religião judaica vai ao encontro das preocupações da apologética cristã ao identificar, por exemplo, Moisés como sendo anterior aos filósofos gregos. Theodore Reinach, que organizou a tradução para francês e as notas da obra de Josefo, afirmou que sem ele “não saberíamos quase nada a respeito do destino do Povo Judeu durante os dois últimos séculos de sua existência nacional, e nada do contexto histórico em que nasceu o cristianismo”.
Essa imensa obra foi lida e relida no Ocidente cristão, da Renascença até o século 19. A cristandade via nele o único historiador judeu que mencionou a existência de Jesus, num trecho, aliás, muito curto e controverso. Ele também foi, segundo os cristãos, testemunha da “punição” do Povo Judeu “condenado às lagrimas e a ser errante eterno”. É a esse mal-entendido que a obra de Flávio Josefo deve sua sobrevivência.
Remorso, catarse e racionalização
Como vimos acima, a maneira como salvou sua vida deixou remorsos na alma de Josefo. Desta dor na consciência nasceu sua obra literária. Escreve Mireille Hadas-Lebel que Josefo sentiu... “tamanha necessidade de se justificar (...) que, por isso mesmo, torna-se suspeito. Nove décimos de suaAutobiografia são (...) dedicados aos poucos meses em que ele exerceu as funções de governador da Galiléia (...). Josefo nos fornece, com 20 anos de distância, na Guerra e na Autobiografia, dois relatos paralelos, um na terceira pessoa, o outro na primeira, entre os quais subsistem divergências não desprezíveis. (...) Por ter querido demais justificar-se, Josefo abre a porta para o pior inimigo do historiador: a dúvida da posteridade”.
É difícil determinar com precisão o papel que teve nos acontecimentos, pois a fonte disponível são seus próprios escritos, onde tentou, simultaneamente, demonstrar sua integridade como líder judeu e patriótico e sua devoção a Roma. Contudo, são as fontes mais autorizadas da história judaica nos primeiros séculos antes e depois do início da Era Comum. Aos que o acusavam de traição, quis justificar sua passagem para o campo romano e apresentar sua explicação sobre a guerra. Os judeus destruíram-se por causa de suas divisões sectárias. D’us os castigou, dando aos romanos uma força irresistível. Este é o tema de A Guerra Judaica. Josefo relatou fatos os quais foi testemunha; esclareceu-os, porém, remontando ao passado, até a revolta dos Macabeus no século II a.E.C. E não é por acaso que este é o seu primeiro livro, pois além de narrar acontecimentos, tratou de justificar sua própria atuação, que era alvo de violentas acusações por várias correntes judaicas.
A seguir viu-se instado a expandir o relato numa história do seu povo, desde o começo até o seu tempo. No dizer de Guinsburg, nas Antigüidades Judaicas, “narrativas fabulosas, contradições e erros mesclam-se com dados preciosos, que denotam conhecimentos profundos da história e das tradições judaicas e que a arqueologia moderna vem comprovando de maneira, às vezes, surpreendente. Ainda hoje é, não só um repositório literário, um clássico da historiografia antiga, como um dos principais anais do passado de Israel”.
Justo de Tiberíades, antigo companheiro de luta e rival na Galiléia, contestou o papel de Josefo na guerra; imediatamente, este se justificou, publicando Vida (que acrescentou como um apêndice a Antigüidades), que é, acima de tudo, uma autodefesa política. Parte do tormento que lhe ia à alma transparece em textos como o discurso que Josefo põe nos lábios de um dos chefes, que se manteve leal até o fim. No mundo greco-romano vigorava considerável anti-semitismo, particularmente entre os intelectuais pagãos que não entendiam a religiosidade obstinada dos judeus, como mencionamos. Então Josefo retoma o trabalho, para demonstrar a antigüidade e a tradição bíblica e para defender os valores do judaísmo, em ContraApion.
Talvez o fundamento principal da fama duradoura de Josefo como historiador seja o respeito com que suas obras eram tidas pela Igreja. Inúmeros eruditos e historiadores modernos- cristãos e judeus, afirmam que seus relatos foram textualmente alterados nos primórdios da Era Comum por propagandistas da Igreja, a fim de obter corroboração histórica para Jesus, uma vez que não havia outro testemunho histórico contemporâneo e externo que o comprovasse.
Assim como outro judeu, Fílon, filósofo de Alexandria, Josefo, embora nunca tenha renegado sua origem e sua fé, tornou-se um “filho perdido” para o judaísmo: seja pela suspeita de traição, por viver com os vencedores em Roma ou por ter escrito sua obra em grego ou por ter sido “adotado” pela Igreja desde os primórdios.
Para abordar a sua época, os historiadores de Roma se serviam dos autores latinos, restringindo Josefo a um papel de cronista dos assuntos da Judéia, apesar da importância do seu testemunho. Caluniado ou suspeito de parcialidade – que historiador não o é quando narra fatos vividos? – reivindicava para si com orgulho: “O historiador que merece elogios é aquele que registra fato cuja história nunca foi escrita e que elabora a crônica de seu tempo para as gerações futuras”.
No Tribunal da História: quem é herói?
Em sua vida póstuma milenar, Josefo assumiu os rostos mais diversos – de defensor da fé a semeador de dúvida. Há cerca de um século, os historiadores que o utilizam como fonte principal para o período que ele cobre em seus textos sentem-se como que obrigados a fazer por Josefo o que não lhes ocorreria fazer por nenhum outro historiador antigo: julgar o homem. A parcialidade do autor os levou a isso. Paralelamente, nos círculos sionistas, redescobria-se Josefo, mas com certo constrangimento. Seria preferível um herói para contar a história de Massada. Em vez disso, o narrador tratava-se de um adversário dos heróis cuja coragem se admirava.
Para ser um herói, era preciso que ele tivesse morrido em Jotapata, sem ter escrito nada. Devemos lamentar que ele não tivesse sido um herói?
Algumas citações de Josefo merece atenção e cuidado, pois não parecem sere verdadeiras, pois deveria ter um motivo particular para escrever a respeito de algum assunto distorcendo a realidade dos fatos, como observamos.
Autora do texto: Jane Bichmacher de Glasman é Doutora em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica, Professora Adjunta, fundou e dirigiu o Programa de Estudos Judaicos - UERJ; organizou e coordenou o Setor de Hebraico - UFRJ e UERJ; e Escritora.

Biografia de Daniel BErg e Gunnar Vingren

Daniel Berg e Gunnar Vingren se conheceram poucos anos antes de fundarem a AD brasileira, quando ainda estavam nos Estados Unidos – Berg, dedicando-se apenas aos trabalho secular e Vingren, como pastor ordenado pela Igreja Batista Sueca nos EUA. Ambos já haviam sido inflamados pelas chamas do Movimento Pentecostal norte-americano quando compartilharam entre si suas experiências e, juntos, em oração, receberam o chamado para o nosso país.
Gunnar Vingren nasceu em Ostra Husby, Ostergotland, Suécia, a 8 de agosto de 1879. Era filho de pais batistas, que lhe ensinaram desde cedo a trilhar nos caminhos santos. Ainda muito pequeno, seus pais o levavam à Escola Dominical, onde seu pai era dirigente.
Em 1897, aos 18 anos, foi batizado nas águas na Igreja Batista em Wraka, Smaland, Suécia. Nessa época, assumiu a direção da Escola Dominical de sua igreja, substituindo seu pai. Em 14 de julho daquele ano, um artigo de uma revista, que falava sobre os sofrimentos de tribos nativas no exterior, o levou às lagrimas e a uma decisão que mudaria o rumo de sua vida. “Subi para o meu quarto e ali prometi a Deus pertencer-lhe e pôr-me à sua disposição, para honra e glória de seu nome. Orei também insistentemente para que Ele me ajudasse a cumprir esta promessa”, relata o homem de Deus.
Em outubro de 1898, deixou a direção da Escola Dominical e foi participar de uma Escola Bíblica em Götabro, Närke. “Nunca mais na minha vida recebi uma instrução bíblica tão profunda como aquela. Pastor Kihlstedt nos quebrantava completamente com a Palavra de Deus. Ele nos tirava tudo, tudo, até que ficássemos inteiramente aniquilados como pó diante dos pés do Senhor. Depois vinha o irmão Emílio Gustavsson com o óleo de Gileade, e sarava as feridas da alma, alimentando nossos corações famintos com o melhor trigo dos celeiros de Deus. Oh, que tempo aquele! Fez-me bem pelo resto de toda a minha vida”, conta Vingren em suas memórias.
Aquela Escola Bíblica durou um mês e fazia parte de uma Federação Evangélica que tinha o objetivo de ganhar almas para Cristo. Depois dela, Vingren foi enviado com o evangelista Soderlund à província de Skane, seu primeiro campo de trabalho. Em seguida, evangelizou nas províncias de Västergötland e Tidaholm, onde adoeceu de papeira e foi curado instantaneamente após a oração de um grupo de irmãos. De lá, evangelizou em Rönneholm e retornou a Skane.
Após o serviço militar, foi atraído pela “Febre dos Estados Unidos”. Em 30 de outubro de 1903, embarcou na cidade de Gotemburgo num vapor que o levou à cidade de Hull, na Inglaterra. Dali, foi de trem para Liverpool, onde pegou outro vapor, com destino a Boston, Massachusets (EUA). Chegando lá, tomou um trem até Kansas City, onde morava seu tio Carl. Depois de uma semana, começou a trabalhar como foguista em Greenhouse até o verão. Foi porteiro de uma grande casa comercial na região e jardineiro, profissão que aprendera com seu pai. Em fevereiro de 1904, conseguiu um emprego no Jardim Botânico de Saint Louis. Aos domingos, Vingren assistia os cultos de uma igreja sueca estabelecida naquela cidade.
Em setembro de 1904, iniciou um curso de quatro anos no Seminário Teológico Batista Sueco, em Chicago. Durante o tempo em que morou em Kansas, pertencera à Igreja Batista sueca, onde fora exortado a voltar a estudar. Durante o curso, foi convidado a pregar em vários igrejas. Pelo Seminário, estagiou sete meses na Primeira Igreja Batista em Chicago, Michigan. Depois, estagiou nas Igrejas Batistas em Sycamore, Illinois; Blue Island, também em Illinois; e, por fim, em Mountain, Michigan.
Concluiu seus estudos e foi diplomado em maio de 1909. Nesse período, entregou uma solicitação para ser enviado como missionário. Enquanto a resposta não chegava, foi convidado para assumir o pastorado da Igreja Batista em Menominee, Michigan. Em junho daquele ano, assumiu a direção da igreja.
Nesse período, participou da Convenção Geral Batista dos Estados Unidos, onde foi decidido que seria enviado missionário para Assam, na Índia, juntamente com sua noiva. A Convenção Batista do Norte o sustentaria. No início, Vingren convenceu-se de que esta era a vontade de Deus, mas, durante a Convenção, Deus mostrou-lhe o contrário. Voltando à sua igreja, enfrentou uma grande luta por causa de sua decisão. Finalmente, resolveu não aceitar a designação e comunicou sua decisão à Convenção por escrito. Por esse motivo, a moça com quem se enamorara rompeu o noivado. Ao receber a carta dela, respondeu: “Seja feita a vontade do Senhor”.
Por esse tempo, despontava um grande avivamento nos Estados Unidos, que culminou no atual Movimento Pentecostal que se espalhou pelo mundo no século 20. Nessa época, uma irmã que tinha o dom de interpretar línguas foi usada por Deus para dizer-lhe que seria enviado ao campo missionário, mas “somente depois de revestido de poder”.
No verão de 1909, Deus encheu o coração de Vingren com o desejo de receber o batismo no Espírito Santo. Em novembro daquele ano, ele pediu permissão à sua igreja para visitar a Primeira Igreja Batista Sueca, em Chicago, onde se realizava uma série de conferências. O seu objetivo era buscar o batismo no Espírito Santo. Após cinco dias de busca incessante, foi revestido de poder, falando em outras línguas como os discípulos no Dia de Pentecostes.
Foi nessas conferências que conheceu Daniel Berg, que se tornaria mais à frente seu grande amigo.
O encontro entre Berg e Vingren
Daniel Högberg, conhecido no Brasil como Daniel Berg, nasceu a 19 de abril de 1884, na pequena cidade de Vargon, na Suécia, às margens do lago de Vernern. Quando o Evangelho começou a entrar nos lares de Vargon, seus pais, Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg, o receberam e ingressaram na Igreja Batista. Logo procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, Daniel converteu-se e foi batizado nas águas.
Em 1902, aos 18 anos, pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país. Embarcou a 5 de março de 1902, no porto báltico de Gothemburgo, no navio M.S.Romeu, com destino aos Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de mim”, frisava. O motivo foi a grande depressão financeira que dominara a Suécia naquele ano.
Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava, como tantos outros de sua época, em realizar-se profissionalmente. Mas, Deus tinha um plano diferente e especial para sua vida.
De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhe conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado. Só seu melhor amigo, companheiro de infância, não morava mais ali. “Vive em uma cidade próxima, onde prega o Evangelho”, explicou sua mãe.
Logo chegou a seu conhecimento que seu amigo recebera o batismo no Espírito Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a “nova doutrina”. Chegando à igreja do amigo, encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto, conversaram longamente sobre a “nova doutrina”. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu-se e partiu, pois sua intenção não era permanecer na Suécia, mas retornar à América do Norte.
Em 1909, após despedir-se dos pais, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda a sua atenção à busca da bênção. Ainda no navio, ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida.
A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a evangelizar como nunca e a contar seu testemunho a todos. Foi então que, por ocasião das já mencionadas conferências em Chicago, Daniel encontrou-se com o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois conversaram horas sobre as convicções que tinham. Uma delas é que tanto um como o outro acreditavam que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas.
Ao voltar à sua igreja em Menominee após as conferências em Chicago, Vingren começou a pregar a verdade de que “Jesus batiza no Espírito Santo e com fogo”. Em fevereiro de 1910, Vingren foi intimado a se afastar da igreja, que ficou dividida: metade cria na promessa e a outra a rejeitava. Os que rejeitaram obrigaram-no a deixar o pastorado.
No entanto, Vingren recebeu o apoio da Igreja Batista em South Bend, Indiana. Todos ali o receberam e creram na verdade. Na primeira semana, Jesus batizou dez pessoas no Espírito Santo. Naquele verão, quase vinte pessoas receberam a promessa. Assim, Deus transformou a Igreja Batista de South Bend em uma igreja pentecostal. Vingren pastoreou-a até 12 de outubro de 1910, quando começou a preparar-se para a viagem ao Brasil.
Quando Vingren voltou a South Bend, Berg estava trabalhando em uma quitanda em Chicago quando o Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend. Berg abandonou seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando aquela Igreja Batista. “Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos louvarmos o seu nome”, disse Berg. “Está bém!”, respondeu Vingren com singeleza. Passaram, então, a encontrarem-se diariamente para estudar as Escrituras e orar juntos, esperando uma orientação de Deus.
O chamado e a chegada ao Brasil
Foi em South Bend que Vingren e Berg foram revelados pelo Espírito Santo, através da instrumentalidade do irmão Olof Uldin (que havia conhecido Vingren e Berg), sobre vários acontecimentos futuros a respeito dos dois. Entre outras coisas, Deus lhes disseras que deveriam ir para um lugar chamado Pará; que o povo desse lugar era de um nível social muito simples; que Gunnar deveria lhes ensinar os rudimentos da doutrina bíblica; que Berg e ele comeriam comidas simples, mas não lhes faltaria nada; e que Vingren casaria com uma moça chamada Strandberg (Anos depois, quando de retorno à Suécia após o início da obra no Brasil, Vingren conheceria a enfermeira Frida Strandberg, com quem se casaria).
Ao ouvirem pela primeira vez o nome do lugar para onde Deus os chamara, não sabendo onde era, foram até a biblioteca pública da cidade, onde descobriram que o Pará ficava no Norte do Brasil. Depois de orarem, Berg e Vingren aceitaram o destino.
Após a revelação divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade dos seus patrões, abandonou o emprego. Eles argumentaram: “Aqui você pode pregar o Evangelho também, Daniel; não precisa sair de Chicago”. Mas, ele estava convicto da chamada e não voltou atrás.
Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento para a pessoa que recebesse a oferta. Esse gesto tocou o coração de Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova Iorque, e de lá para o Brasil em um navio.
Deus proveu milagrosamente a quantia certa para a viagem. Durante a viagem, ganharam um tripulante para Cristo. Quatorze dias após saírem de Nova Iorque, chegaram ao Pará. Era o dia 19 de novembro de 1910.
Em Belém, moraram no porão da Igreja Batista localizada na Rua Balby, 406. Depois, passaram um tempo na casa do irmão presbiteriano Adriano Nobre, em Boca do Ipixuna, às margens do Rio Tajapuru. Hospedaram-se no mesmo quarto onde morava o irmão Adrião Nobre, primo de Adriano. De volta a Belém, retornaram ao porão da igreja. Por esse tempo, já falavam um pouco de português. O primeiro professor deles fora o irmão Adriano.
As irmãs Celina Albuquerque e Maria de Nazaré creram na mensagem pentecostal e receberem o batismo no Espírito Santo. Criou-se, então, uma discussão na igreja, que culminou na expulsão de 19 membros mais Vingren e Berg. Em 18 de junho de 1911, nascia a Missão de Fé Apostólica, que em 11 de janeiro de 1918 foi registrada oficialmente com um novo nome, Assembleia de Deus, nome este que a nova igreja já usava desde 1916. Era uma igreja sem vínculos estrangeiros, genuinamente brasileira e que se tornaria a maior igreja pentecostal do mundo.

Fonte: CPADNews

Nossa Historia " Assembléia de Deus"

A origem das Assembleias de Deus no Brasil está no fogo do reavivamento que varreu o mundo por volta de 1900, início do Século XX, especialmente na América do Norte. Os participantes desse reavivamento foram cheios do Espírito Santo da mesma forma que os discípulos e os seguidores de Jesus durante a Festa Judaica do Pentecostes, no início da Igreja Primitiva, conforme está escrito em Atos 2. Assim, eles foram chamados de “pentecostais”.
Exatamente como os crentes que estavam no Cenáculo, os precursores do reavivamento do Século XX falaram em outras línguas que não as suas originais quando receberam o batismo no Espírito Santo. Outras manifestações sobrenaturais tais como profecia, interpretação de línguas, conversões e curas também aconteceram.
Em 19 de novembro de 1910, os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, batizados no Espírito Santo, chegaram a Belém do Pará, procedentes dos Estados Unidos da América.  Ao crer na doutrina pentecostal pregada pelos dois missionários, em 2 de junho de 1911,  na Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, Celina de Albuquerque, membro da Igreja Batista de Belém, enquanto orava, foi batizada no Espírito Santo.
O fato teve repercussão imediata na Igreja Batista. Havia aqueles que aceitavam o batismo no Espírito Santo e aqueles que eram contrários à nova doutrina. Em 13 de junho, numa terça-feira, foram excluídos 13 membros da igreja: José Plácido da Costa, que ocupara o cargo de moderador da igreja até aquela sessão; Manuel Maria Rodrigues, ex-secretário; José Batista de Carvalho, ex-tesoureiro; Antonio Mendes Garcia, todos estes diáconos; Lourenço Domingos; João Domingos; Maria dos Prazeres Costa; Maria Pinto de Carvalho; Alberta Ribeiro Garcia; Manuel Rodrigues Dias; Jerusa Rodrigues. O secretário da igreja depois de anotar esses nomes, deixou para o fim os nomes de Celina Cardoso de Albuquerque e Maria de Jesus Nazaré, que, ao mencioná-los, fez chamando-as de “as profetisas”, e os de Gunnar Vingren e Daniel Berg.
Sob a liderança dos missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg, os crentes batistas que aceitavam a doutrina pentecostal foram convocados a comparecer à casa onde se instalava a congregação batista na Cidade Velha, à Rua Siqueira Mendes nº1-A, residência da irmã Celina Albuquerque, para se reunir no dia 18 de junho de 1911, num domingo. Presentes estiveram onze irmãos excluídos no dia 13 daquele mês, da Igreja Batista, tendo faltado os irmãos Lourenço Domingos e Alberta Ribeiro Garcia. Compareceram, porém, três membros da igreja que não estavam excluídos, que foram Henrique Albuquerque, esposo de Celina; Maria Piedade da Costa, esposa de Plácido e Emília Dias. Além destes, foram arrolados mais quatro irmãos da referida congregação, cujos nomes são os seguintes: Joaquim Silva, Tereza Silva de Jesus, Izabel Silva e Benvinda Silva, todos de uma mesma família. Os três que ainda eram membros da Igreja Batista só foram excluídos no dia 12 de julho depois de que a mesma tomou conhecimento da posição assumida por eles. Quanto aos quatro congregados, não cabia a igreja discipliná-los porque não eram membros da igreja. Ao todo eram 18 pessoas para o início da Missão da Fé Apostólica, que mais tarde passou a se chamar Assembléia de Deus.
I – Começa a Missão da Fé Apostólica
A partir de 18 de junho de 1911, as igrejas pentecostais que iam sendo iniciadas no Pará, começando pela que se reunia na casa de Henrique e Celina Albuquerque, à Rua Siqueira Mendes 67, Cidade Velha, em Belém, passaram a ser chamadas pelo nome Missão da Fé Apóstolica.
Em 25 de outubro de 1914, chegaram a Belém do Pará os suecos Otto e Adina Nelson, procedentes dos Estados Unidos, para se juntarem a Vingren e Berg.
Em 8 de novembro de 1914, a igreja, que se reunia na Av. São Jerônimo, 224, seu segundo, endereço depois da casa de Celina Albuquerque (nesta casa se reuniram por mais ou menos três meses) se mudou para a Travessa 9 de janeiro, 75.
Em 18 de agosto de 1916, chegaram a Belém os suecos Samuel e Lina Nyström, os primeiros missionários oficialmente enviados pela Igreja Filadélfia de Estocolmo.
Em 3 de julho de 1917, Frida Vingren chegou a Belém, como missionária também enviada pela Igreja Filadélfia de Estocolmo.
II – Registrada a primeira “Assembleia de Deus”
Em 11 de janeiro de 1918, Gunnar Vingren registrou o Estatuto da Igreja no Cartório de Registro de Títulos e Documentos do 1º ofício, em Belém, no Livro A, Nº 2, de Registro Civil de Pessoas Jurídicas e outros papéis, número de ordem 131.448, sob o nome “Estatuto da Sociedade Evangélica Assembléa de Deus”, número de ordem 21.320, do Protocolo Nº 2.
Os extratos do Estatuto foram publicados no Diário Oficial do Estado do Pará, sob nº 766524.
Com esse registro, a igreja começou a existir legalmente como pessoa jurídica adequando-se aos Artigos 16 e 18 do primeiro Código Civil Brasileiro que acabara de entrar em vigor em 1º de janeiro de 1917.
III – Primórdios no Pará
Os primeiros lugares no Pará que receberam a mensagem pentecostal foram: Soure e Mosqueiro, na Ilha de Marajó (Daniel Berg, 1911); Bragança (Daniel Berg, 1912); Xarapucu e Catipuru (Daniel Berg, 1913); Estrada de Ferro Belém-Bragança, Igarapé-Assu, Benevides, Capanema, Timboteua, Peixe-Boi e Bragança (Clímaco Bueno Aza, 1913); Ilha Caviana (Daniel Berg, 1914); Afuá, Ilha de Marajó (Gunnar Vingren e Daniel Berg, 1914); São Luís do Pará (1915); Assaisal (Bonito) (Joaquim Amaro do Nascimento, Francisco Santos Carneiro e João Paraense, 1919); e vários outros lugares foram sendo visitados pelos primeiros missionários e crentes da AD de Belém.
IV – Primórdios fora do Pará
Não muito tempo depois as Assembleias de Deus chegaram aos grandes centros urbanos das regiões Sul e Sudeste, como Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte. Em 1922 chegou ao Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, PA, em 1924, para a então capital da República. Desde 1930, quando se realizou a primeira Convenção Geral dos pastores na cidade de Natal, RN, as Assembléias de Deus no Brasil passaram a ter autonomia interna, sendo administrada exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem, contudo perder os vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembléias de Deus dos EUA através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da denominação
Os primeiros lugares fora do Pará que receberam a mensagem pentecostal foram: Uruburetama, CE (Maria de Nazaré, 1914); Maceió, AL (Gunnar Vingren, 1914; Otto Nelson, 1914); Campina Grande, PB (Manoel Francisco Dubu, 1914; Felipe Nery Fernandes, 1922); Roraima (Cordulino Teixeira Bastos, 1915); Manaus, AM (Severino Moreno de Araújo, 1917); Macapá, AP (Clímaco Bueno Aza, 1916); Recife (Adriano Nobre, 1916); Natal, RN (Pregadores de nomes desconhecidos e Adriano Nobre, 1918); João Pessoa, PB (Francisco Félix e esposa, 1920); Rio de Janeiro, RJ (Gunnar Vingren, 1920, 1923; alguns crentes do Pará, 1923); Santos, SP (Gunnar Vingren, 1920; crentes de Pernambuco,1923; Daniel Berg, 1924); Tubarão, SC (Gunnar Vingren, 1920); Criciúma, SC (Gunnar Vingren, 1920); Itajaí, SC (Gunnar Vingren, 1920); São Paulo, SP (Gunnar Vingren, 1920, 1923; Daniel Berg, 1927); São Bernardo, SP (Gunnar Vingren, 1920); São Luís, MA (Clímaco Bueno Aza, 1921); Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, noroeste de Mato Grosso (Paul John Aenis, 1922; Elói Bispo de Sena, 1923); Porto Velho (RO) (Paul John  Aenis, 1922); Vitória, ES (Galdino Sobrinho e esposa, Daniel Berg, 1922); Fortaleza, CE (Antonio Rêgo Barros, 1922); Niterói, RJ (Heráclito de Menezes, 1923); Porto Alegre, RS (Gustav Nordlund, 1924);  Canavieiras, BA (Joaquina de Souza Carvalho, 1926); Belo Horizonte, MG (Clímaco Bueno Aza, 1927); Aracaju, SE (Sargento Ormínio, 1927); Teresina, PI (Raimundo Prudente de Almeida, 1927) e Curitiba, PR (Bruno Skolimowski, 1928); Itajaí, SC (André Bernardino da Silva, 1931); Cruzeiro do Sul, AC (Manoel Pirabas, 1932); Goiânia, GO (Um grupo de crentes da AD de Madureira, RJ, deu início à AD de Goiânia em 1936 e Antônio Moreira, então diácono da AD de Madureira, foi enviado por Paulo Leivas Macalão para fundar a igreja.); Cuiabá, MT (Eduardo Pablo Joerck, 1936); Rio Branco, AC (Luís Firmino Câmara, 1943); e Campo Grande, MS (Juvenal Roque de Andrade, 1944).
V – Começa a imprensa pentecostal
As primeiras publicações da AD, que antecederam o jornal Mensageiro da Paz, foram o jornal “Voz da Verdade” (1917 a 1918), por Almeida Sobrinho e João Trigueiro da Silva; o jornal “Boa Semente” (1919 a 1930), por Gunnar Vingren e Samuel Nyström; e o jornal “O Som Alegre” (1929 a 1930), por Gunnar Vingren.
VI – Primeiros hinários
Também em 1917, a AD de Belém (PA) imprimiu o seu primeiro hinário que ficou pronto no dia 6 de outubro e continha 194 hinos e cânticos. Em 1922, era publicada no Recife a primeira edição da Harpa Cristã, que passou a ser o hinário oficial das Assembléias de Deus.
Fonte: Mensageiro da Paz